Sou um Pilocas
"Sou um
pilocas." Foi esta a frase do meu filho de dois anos e meio (eu não sou
uma verdadeira mãe pois não digo a idade dele em meses e perco-me toda se
alguém me pergunta).
O meu pequeno
disse-me isso enquanto ria e rebolava-se todo.“Sou um pilocas, sou um
pilocas”
Ora o gaiato aprendeu
isto com familiares mais velhos, que certamente fizeram esta brincadeira de
forma inofensiva. Tenho a certeza disso, razão pela qual não senti necessidade
de chamá-los a razão (à minha razão entenda-se) mas senti a necessidade de
explicar ao meu filho que ele não é, um pilocas, ele é um menino que por acaso
tem uma piloca ou pilinha.
Ora se eu tivesse uma
menina e ela corresse pela casa rebolando gritando SOU uma pipizocas… era no
mínimo estranho (ou até um “badalhoca alert”) Nunca vi nenhuma menina fazer
isto, nem nunca vi ninguém ensinar uma menina a fazer isto. Mas toda a gente
sabe que ter um pipi não é motivo de orgulho. Já envergar um mastro (grande e
imponente de preferência) é de emocionar qualquer um. A ideia dele achar que a
pilinha dele de alguma forma o define incomoda-me.
Acredito que o
caminho para a igualdade de género se faz através da educação e na atenção às
pequenas coisas e às mensagens subliminares aparentemente inofensivas.
Porque das duas uma,
ainda não existe igualdade de género por causa da cultura subjacente presente
nas brincadeiras inofensivas ou então alguém chama os pilocas à parte na escola
e dizem-lhes: “Sabem a Constituição e aquelas balelas todas sobre a discriminação? É
no gozo, quem manda nesta merda toda somos nós.”
E mandam.
Mas já chega.
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