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A mostrar mensagens de janeiro, 2018

Negritude

Negritude   Vamos falar da minha escassa, embora imensa, negritude. Depois de muita discussão, confusão e indecisão, decidi que sou Negra.   Não cabrita, mulata ou mestiça, uma vez que, estas designações foram sempre usadas como uma tentativa de atenuar o infortúnio que é ser-se negro. Decidi também que não sou preta.  OK preta até posso ser, para quem eu permitir que me trate assim e não o contrário. Não posso ignorar a carga negativa que foi dada a esta palavra, e se eu não te conheço, nem as tuas intenções, não me parece correto que a uses levianamente. A temática da raça é sempre complexa. Ao que parece já se chegou a conclusão que só existe uma raça, será esta a raça humana. E ainda bem. Mas depois caímos da cama, acordamos e percebemos que há sim, raças. Vamos então perceber porque é escassa e também imensa a minha negritude? Vamos que eu sei que vocês estão sedentos desta minha infinita sapiência. Escassa pela quantidade de vezes que ouvi, por parte de br

Gratidão

Vamos conversar sobre a Gratidão que está aí a bater. Dizem que um dos caminhos para a felicidade é a gratidão. Se isto faz sentido? Faz. Se eu consigo? Não. Conheço quem acorde feliz pela dádiva de um novo dia. Que inveja! Quem me dera. A maioria dos dias, acordo com um humor de cão, porque tenho frio, sono, calor, sono, preguiça, sono, e não sei se já referi….SONO. Posso ter dormido três horas ou catorze. Tenho sempre sono.  Claro que sei, racionalmente que comparando com outras milhares de pessoas, tenho uma vida boa. Muito boa. Claro que, quando me deparo com histórias de vida muito mais complicadas que a minha, tenho noção da minha sorte. Mas não o consigo sentir diariamente. Se há algo que me perturba é algo fazer sentido e, não ser capaz de integrar isso na minha vida. Contudo, cada vez que me falam em "gratitude" até me apago! Adoro queixar-me feita velha do Restelo de tudo o que não me corre de feição, e a vida feita vaca  que é, pergunto-lhe: "o

No dia em que te perdi

Naquele domingo de manhã tive a certeza que nunca mais seria tua. Invadiu-me uma calma vinda da certeza do nosso destino. A absoluta tristeza era acalmada pelo desfecho.  Não era um final feliz, mas era alguma coisa. Tive a certeza naquele momento que não me amavas, e isso era libertador.   Nem uma lágrima me escorria pela cara. Era a certeza que precisava para criar novos sonhos, novos caminhos e quem sabe novos amores. Estava pronta despedir- me sem demoras, desejando que fosses feliz.  Antes assim fosse. Quando te olho nos olhos em jeito de despedida com a certeza que nunca mais te fitaria com a intimidade de um casal e te vejo lavado em lágrimas soluçando em desespero,  negando o tão óbvio desamor, o meu mundo ruiu. Era tão mais difícil assim. Vi a minha súbita e recém nascida  paz fugir-me por entre os dedos com a mesma velocidade  que uma crescente angústia dilacerante se apoderou de todo o meu corpo.  A afirmação desesperada  do teu amor consumiu-me até