Férias sem filhos

Vim de férias sem o meu filho dois anos. Não é a primeira vez que passo alguns dias sem ele. Já foi passar alguns dias ao Minho com os avós no verão e também já fiz outras viagens de trabalho e uma de lazer sem ele. Contudo o máximo que tinha ficado longe dele tinha sido a módica quantia de quatro noites. Sim bem sei que para muitos pais já é a loucura mas o que posso fazer se sou um espírito livre que às vezes precisa de dormir noites inteiras,  e que não consegue tirar o mês todo de Agosto de uma enfiada porque se só tiver um período de férias o ano todo augura-se uma tentativa de suicídio com cicuta e a escola fecha o mês todo? 
Agora desta vez foi assim mesmo a pés juntos. Viajei para Angola durante 12 dias sem a cria. O início do processo foi o normal, picos de ansiedade nos dois dias antes da viajem culminada num ataque de choro pós despedida. Quando chego ao destino, confirmo que ele está bem e feliz, pumba, pareço outra. Consigo relaxar e ser eu mesma. Sim porque não sei quanto a vocês mas isto da maternidade é cá um consumo que valha me Deus que às vezes mal sei o meu nome e acredito mesmo que é mamã.
No outro dia comentei com a família que tinha tido um momento esquisito em que me esqueci que sou mãe. Ficaram todos a olhar para mim como se não tivesse lá todo. (Não está efetivamente). Depois tentei explicar. Não é como se alguém me perguntasse “tem filhos? E eu ah não, que me lembre não. Apenas tinha ido ao cinema e durante umas três horas não pensei no meu filho e em nada relacionado com ele até chegar à porta de casa. Não pensei se tinha comido bem, dormido ou chamado por mim. Foi uma sensação estranha, até porque não tinha consciência que pensava tanto nele, até não o fazer.
Voltando às férias. Se estou a sentir falta dele? Imensa. Tenho momentos de bipolaridade entre o era tão bom que ele estivesse aqui, e o ainda bem que ele não veio senão não estaria a emborcar esta caipirinha as onze da noite numa esplanada repleta de mosquitos assassinos.  
Se acho que estarmos longe um do outro nos faz bem para o exercício do “já-não-somos-um-só?” Sim.
Se tenho dúvidas quanto à minha decisão ou se me questiono quando vejo mães que não o fazem. Pois claro.
No entanto sei que quero criar um filho livre e penso, que melhor forma de o fazer senão sê-lo também? 


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