Existe alguém que ainda goste do dia de São Valentim?

Lembro-me de ser mais nova e gostar do dia de são Valentim, a minha mãe oferecia sempre presentes a mim e ao meu irmão. Quando comecei a namorar, a minha mãe deu apenas presente ao meu irmão e fiquei cheia de ciúmes, apesar de ter recebido uma prenda do meu namorado. No ano seguinte a minha mãe voltou a dar-me um presente.
Hoje em dia não consigo gostar muito deste dia, e não conseguia entender muito bem o porquê. Depois de dedicar algum tempo a este temática e depois de conversar com algumas amigas entendi que não gosto de datas festivas em geral.
Apesar de gostar da história do São Valentim, sinto que o dia, como quase todas as datas festivas, foi desvirtuado. O que importa são os presentes, os grandes gestos, o jantar no restaurante chique a abarrotar de casais, como se estivéssemos todos a picar o ponto.
Percebi que não gosto de me sentir obrigada a nada, daí não gostar do natal, do dia dos namorados nem de aniversários.
Odeio a pressão de ser suposto sentir-me de determinada maneira em determinado momento. E como sou uma eterna adolescente, sou do contra.
Ou seja, se é suposto estar feliz, não estou. Se é suposto festejar, apetece-me dormir. Se é suposto ter que ir para filas de centro comercial tentar escolher um presente para alguém quando nem para mim gosto de comprar, até me apago. Ora se eu não sei muitas vezes o que quero para mim (tratando-se de um par de jeans ou da vida em geral) quanto mais para os outros.
Para além de tudo isto, irrita-me solenemente que a demonstração de sentimentos esteja tão ligada à oferta de bens materiais, quando entendo que o campo emocional está, ou deveria estar, distanciado do campo material.
Agora perguntam vocês “Ah mas se teu marido te oferecer um presente és mal-agradecida? Não. Claro que não. E reconheço o gesto. Não sou uma besta. Fico, no máximo ansiosa se não tiver um presente para dar em troca, com receio que ele entenda a falta de reciprocidade no ato de presentear como uma falta de reciprocidade nos sentimentos.  
Sonho ser uma idosa de 80 anos, dar uma notinha aos amigos e familiares e dizer “compra qualquer coisinha bonita para ti.” Isto ou peúgas para todos, compradas no bazar lá da rua que fica mesmo ao lado do minipreço. Like a boss!
É pena que esta falta de pachorra para comprar presentes só seja bem aceite quando já estás com pés para a cova. 
Penso que o caminho será arranjar novas formas de celebrar estes dias, voltando a dar-lhes um sentido, com o qual me identifique. 
E onde é que este plano falha? 
No eu ser uma procrastinadora nata.
E enquanto assim for, limito-me a ser uma pequena hater que revira os olhos e faz cara de cu nestas bonitas ocasiões.
Mas para o próximo ano quem sabe.
Peace and love for all.

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